Os estudos emergem com temas relacionados com o teletrabalho e com as mudanças que todos temos vindo a atravessar consequência da pandemia de Covid-19 e dos confinamentos a que temos sido obrigados através da Europa.
Um dos mais recentes que veio a público, realizado com entre a Coimbra Business School – ISCAC e a Universidade de Málaga, revela que o confinamento pode incrementar o aumento dos nascimentos na Europa resultado da perceção ganha de que o trabalho remoto garante uma maior predisposição para fazer crescer a família e para dispor do tempo para ter uma maior conciliação entre a vida familiar e a vida profissional.
A redução do stress das deslocações, os ganhos em qualidade de vida e a maior disponibilidade de tempo para a actividades domésticas e familiares.
Aqueles que, nomeadamente em Portugal protelavam, ou pura e simplesmente não se predispunham a iniciar uma família (e que tem conduzido ao progressivo envelhecimento da população em Portugal e na Europa), passaram a apresentar um incentivo neste sentido.
Tal significa que "...o trabalho a tempo inteiro no modelo presencial desincentivava as famílias a terem mais do que um filho."
Tal não deixa de ser interessante após as notícias das dificuldades sentidas por uma maioria dos pais que foram obrigados a reunir o teletrabalho com as escolas à distância, e que motivou mesmo novos apoios do governo no sentido de atenuar a pressão criada.
Certamente que a abertura das escolas irá reduzir essa pressão, e que muitas das situações implícitas ao trabalho presencial são atenuadas com esse facto. Ao que a possibilidade da mobilidade para áreas mais remotas relativamente às grandes cidades (como as periferias) irá proporcionar um equilíbrio maior para a vida familiar.
Mas várias questões acabam por se levantar a vários níveis:
Será que os empregadores nacionais estão preparados e dispostos a alinhar por esta tendência que empresas, como as tecnológicas, "facilmente" abraçam?
Até que ponto esta mobilidade é real e a longo prazo?
Será que outras regiões, até aqui menos atractivas, estão preparadas para receber novos fluxos de famílias?
O que isso representará em termos de investimento imobiliário no que se refere às soluções para as famílias (casas maiores, mais espaços verdes, o preço)?
Será que o nosso país, e a sua tradicional cultura (nomeadamente empresarial), conseguirá adaptar-se a estes movimentos de tipo "global"?
Os movimentos, à muito preconizados, e que foram reforçados mesmo em período pandémico, de que a população mundial continuaria tendencialmente a juntar em centros urbanos, vão ser alterados?
Estas questões ainda necessitam de mais análise, e este "post" ainda não as irá considerar (pelo menos não totalmente), mas como já foi referido em publicações anteriores (1) (2) (3) (4) (5), estas movimentações representam alterações e necessidades específicas para quem passa a fazer da sua habitação espaço de trabalho.
A bem da produtividade e da saúde mental (sim, porque o trabalho a partir de casa é uma actividade que requer espaço, disciplina e uma dose de resiliência na adaptação) o "Work from home" (WFH) necessita de condições para ser desenvolvido a longo prazo e para que seja funcional em conjugação com a vida em família, principalmente quando esta cresce.
Com um investimento previsto por algumas consultoras internacionais, como a CBRE, de 3000 milhões de euros em imobiliário para 2021, até que ponto estas soluções/investimentos estão enquadradas nesta evolução de comportamento (se se concretizar)?
Já sabemos que grande parte deste investimento estará orientada para áreas e segmentos que não se enquadram neste espectro, como seja a logística (que assistiu a um forte crescimento no último ano devido à pandemia), os escritórios (sim, estes continuam a apresentar crescimento, mesmo que para formatos híbridos), turismo (com que resultados é uma incógnita), e habitação residencial de luxo (onde a maior parte da população não se encaixa - classe média); qual será a resposta dos investidores a este potencial movimento?
Uma boa parte do crescimento deste investimento ainda tem origem em actores estrangeiros, que continuam a considerar o nosso país como uma boa aposta, nomeadamente devido à falta de "stock" de habitação em determinados espaços e segmentos. Assim como a relação com a rentabilidade potencial destes investimentos face a uma situação financeira de baixa rentabilidade no que se refere a taxas de juro, etc.
Muitos começam, como também já tivemos oportunidade de abordar anteriormente, a realizar uma aposta concreta no arrendamento. Nomeadamente por se tratar de uma tipologia de investimento que já se encontra firmada nos seus países de origem, pelo que não é algo que, contrariamente ao que se passa com uma parte dos investidores nacionais, possuam aversão ou receio no seu desenvolvimento.
De acordo com o inquérito realizado pela Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), o "Portuguese Investment Property Survey", o "Arrendamento atrai 73% dos promotores imobiliários."
Igualmente o Estado, e ao que se começa a ter conhecimento, está a aumentar a sua aposta, nomeadamente através dos fundos de resiliência que foram criados no decurso das necessidades das economias europeias para fazer frente à crise gerada pela economia.
Mas todos estes investimentos e planos de desenvolvimento e construção já tomam em consideração todas as questões e transformações em termos de sociedade a que temos assistido, para além das geracionais as provocadas e ou estimuladas pela pandemia?
Seja pela a adaptação dos espaços para o trabalho remoto, o WFH, ao potencial crescimento das famílias, à movimentação para áreas/regiões que propiciem melhor qualidade de vida, etc.?
Cada vez mais a compreensão e a abordagem a este mercado requer, e necessita, de análise e estudo prévio para que o seu futuro e rentabilidade corresponda às necessidades de uma sociedade em mutação definitiva (porque nada vai ser como dantes e haverá certamente um novo normal, tal como o governo britânico já referiu, o próximo passo será perceber como vamos viver com este novo vírus, mais do que pensar que desaparecerá "com a mudança do ano"), assim como às ambições e metas traçadas pelos investidores face aos seus objectivos.
Tanto mais que esse investimento pode ser uma ajuda à solução de crescimento do tecido económico, tão necessário nos anos que se avizinham.
São estas algumas das questões que a Imobintel procura estar atenta e responder nas suas análises aos projectos dos seus clientes.
Dando o suporte cada vez mais necessário à decisão de investimento, particularmente numa época em que a necessidade de análise e de estudo, considerando as mais diferentes variáveis a considerar (e que se multiplicam), estão neste momento mais do que nunca, carregadas de incertezas e necessidade de cruzamento e enquadramento.
Podem encontrar a análise, as respostas e informações no âmbito de actuação da IMOBINTEL no site e nas nossas publicações.
Continue a seguir as nossas publicações, enquanto mantemos uma atenção especial a esta evolução do sector imobiliário nacional na Imobintel.
A Imobintel dispõe de um observatório permanente sobre tendências (politicas, económicas, sociais, tecnológicas, legais e ambientais) que possam ter impacto relevante no sector imobiliário. Somos focados na prospectiva e no planeamento estratégicos, que acreditamos ser a formula excelente de diagnóstico, análise e resolução dos problemas de gestão de empresas e de projectos de investimento.
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