O mercado imobiliário, apesar de não perder o seu fulgor totalmente, vai perdendo velocidade.
Por um motivo ou por outro, como é natural, investidores e clientes vão reagindo às alterações das condições no terreno e económicas, e vão procurando alternativas.
Alterações económicas, das cadeias de distribuição, dos custos das matérias primas, do crescimento dos juros, das dificuldades do acesso ao crédito, etc., todas influenciam a decisão de investir.
Estas alterações do mercado têm provocado mudanças na procura.
Nomeadamente porque as facilidades de acesso ao crédito e os preços elevados no mercado nos últimos anos colocou muitas famílias a realizar empréstimos no limite da sua capacidade de pagamento.
O que poderá conduzir a uma situação similar à vivida em 2008/2011, com a necessidade de entrega de habitações à banca ou a colocação de algumas no mercado.
O que pode significar um crescimento da concorrência para o mercado da habitação nova.
Isto irá colocar algumas famílias na procura de alternativas, junto com aquelas que não conseguem aceder ao crédito.
Potencial do B2R
Um desses mercados será o de arrendamento.
Mas o mercado de arrendamento em Portugal está muito complexo.
Há mesmo uma crise neste mercado. Crise de stock.
Não é algo único ao nosso mercado, mas é muito grave dado que o país habitou-se nas últimas décadas a adquirir hipotecas para ter habitação, pelo que a construção para este segmento tem sido reduzida.
Noutros países, onde o hábito de arrendamento está mais enraizado, o volume de oferta é bem maior, mesmo com os preços a apresentarem um crescimento. Mas como a oferta é maior...
Como tivemos a oportunidade de referir numa das nossas publicações aqui no blog, em Abril de 2021, o "Build to Rent"(B2R) parecia vir a tornar-se numa solução para alguns investidores, dado as circunstâncias de mercado e das alternativas de investimento.
No entanto, o investimento, com a saída da pandemia voltou-se para soluções comerciais ou para as empresas que, para surpresa de muitos, regressaram para instalações físicas em muitos casos, introduzindo algumas alterações à forma e espaços de trabalho.
Será que as promessas dos nossos governantes no que se refere à habitação acessível se vão, alguma vez, concretizar?
É difícil de conceber que sim, principalmente quando há sempre o velho jogo do empurra entre Estado central e autárquico (entre outros).
Os sistemas também são lentos, nomeadamente no que se refere ao licenciamento, para que o desenvolvimento deste tipo seja realizado a curto prazo.
Ou com a velocidade necessária, pelo que esta poderia tornar-se numa forma de incentivo.
Outros Mercados...
Algo que tem afectado o mercado é a observação da evolução do mercado em outros países com a continuação de factores como o COVID, o conflito na Ucrânia e a subida das taxas de juro.
A Suécia (Bloomberg), o Reino Unido (Bloomberg) e mesmo a Alemanha (Bloomberg), têm tido quedas no mercado, algumas bem acentuadas como é óbvio nos artigos referenciados.
Uns com quebras nos preços outros com um mercado sem oferta.
Mesmo o maior mercado habitacional do mundo, a China, tem sido abalado fortemente com falências e falhas de entrega de muitos compradores.
Com a tendência de baixa do crescimento económico um pouco por todo o mundo, os preços acabam por eventualmente ter de ceder, pelo menos para quem se endividou para investir.
Como dinamizar o Buid to Rent?
Será que neste contexto vamos mesmo conseguir fazer um mercado de arrendamento florescer?
As promessas de arrendamento acessível por parte das autarquias e do Estado, serão sempre insuficientes para as solicitações dos milhares que necessitam soluções.
A solução estaria mesmo no estímulo ao "Build to Rent" e a soluções similares, que têm sido desenvolvidas para os estudantes, mas ainda com preços muito elevados.
A rentabilidade destes activos, apesar de dilatada no tempo, será sempre garantida.
Necessita de uma gestão profissional e de uma abordagem diferenciada, mas será um tipo de negócio de retorno continuado, particularmente dada a procura existente.
Transformar a Solução numa Realidade
Haverá vontade política para fazer acontecer?
E quem serão os investidores interessados?
Os que desenvolvem este tipo de soluções no resto da Europa e já detêm o conhecimento na sua gestão, e onde os mercados estão a ser mais "castigados" nesta fase?
E se as tendências de mercado que começam a assolar outros países se vierem a estender até cá, não será a aposta mais interessante?
Naturalmente que é um tipo de investimento que requer alguma análise prévia e a selecção de um segmento de mercado permeável a este tipo de soluções, mas com a alteração de mentalidades e de receptividade a este tipo de projecto, como aliás elencamos anteriormente na nossa publicação de Abril e noutras análises de mercado, é uma área muito interessante de investimento e de rentabilidade constante, com menor risco que alguns mercados de capitais.
E com cidades como o Porto e Lisboa, a crescer em termos de empresas estrangeiras, nomeadamente ligadas à tecnologia, a criarem postos de trabalho, o mercado está a crescer todos os meses para este tipo de solução.
Então quem vai incentivar esta aposta? E quem a vai liderar? Serás tu?
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